Hip-Hop é uma cultura que consiste em 4 subculturas ou subgrupos, baseadas na criatividade. Um dos primeiros grupos seria, e se não o mais importante da cultura Hip-Hop, por criar a base para toda a cultura, o DJing é o músico sem “instrumentos” ou o criador de sons para o RAP, o B.Boying (a dança B.Boy, Poppin, Lockin e Up-rockin) representando a dança, o MCing (com ou sem utilizar das técnicas de improviso) representa o canto, o Writing (escritores e/ou graffiteiros) representa a arte plástica, expressão gráfica nas paredes utilizando o spray.
O Hip-Hop não pode ser consumido, tem que ser vivido (não comprando roupas caras, mais sim melhorando suas habilidades em um ou mais elementos dia a dia). É um estilo de vida.... Uma ideologia...uma cultura a ser seguida...
A "consciência" ou a "informação" na minha opinião não pode ser considerada como elemento da cultura, pois isso já vem inserido às culturas do DJing, B.BOYing, MCing e Escritor/WRITing (Graffiteiros), ou seja aos elementos da cultura Hip-Hop, mais é válido para a nova geração, dizendo se fazer parte da cultura Hip-Hop sem ao menos conhecer os criadores da cultura e suas reais intenções.
As Raízes
A origem e as raízes da cultura Hip-Hop estão contidas no sul do Bronx em Nova Iorque (EUA). A idéia básica desta cultura era e ainda é: haver uma disputa com criatividade. Não com armas; uma batalha de diferentes (e melhores) estilos, para transformar a violência insensata em energia positiva.
Este bairro experimentou mudanças radicais durante os anos 60 por causa de construções urbanas mal planejadas (construíram uma via expressa no coração do Bronx, construíram complexos de apartamentos enormes) o que fez com que o bairro ficasse desvalorizado. A classe média que consistia em Italianos, Alemães, Irlandeses e Judeus se mudaram por causa da qualidade decrescente de vida.
Em vez deles, se estabeleceram afro-americanos mais pobres e famílias Hispânicas. Por causa da pobreza crescente os problemas causados por crimes, drogas e desemprego aumentaram.
No ano de 1968 sete adolescentes que se nomearam "Savage Seven" (Sete Selvagens) começaram a aterrorizar o bairro, criando assim a base para algo que dominaria o Bronx durante os próximos 6 anos: as Streetgangs (gangues de rua). Em pouco tempo apareceram outras gangues em todo o bairro, em todas as ruas e esquinas.
Algumas delas: Black Spades, Savage skulls, Seven Immortals, Ching Alling, Seven Nomads, Black Skulls, Seven Crowns, Latin Kings, Young Lords; muitos jovens poderiam ser vistos em todos lugares.
Depois que as atividades das gangues alcançaram o topo da criminalidade em 73, elas começaram a se acabar uma a uma. A razão para isto pode ser encontrada em níveis diferentes. As gangues estavam brigando, muitas estavam envolvidas em crimes, drogas e miséria. E muitos integrantes não quiseram mais se envolver com isso, o tempo estava mudando e as pessoas da década de 70 estavam à procura de festas em clubes, apenas diversão, dançar, curtir a música cada vez mais e mais.
O número de gangues cada vez mais estava diminuindo principalmente porque cada vez mais jovens estavam envolvidos com um movimento e se identificavam com alguma atividade. Pois a idéia básica era competir com criatividade e não com violência.
A força motriz de todas as atividades dentro dos 4 elementos era fugir do anonimato, ser ouvido e visto e espalhar o nome por toda parte. Se alguém quisesse melhorar suas habilidades teria que deixar de fazer coisas ruins (drogas, crimes, etc...) por todo tempo, teria que por sua energia a disposição da cultura e com isso ajudar a trazer mais adiante o próximo nível da Cultura Hip-Hop e desenvolvendo seus elementos cada vez mais inspirando novamente outras pessoas.
Kool Herc é por toda parte conhecido e respeitado como o "pai" da cultura Hip-Hop, ele contribuiu e muito para seu nascimento, crescimento e desenvolvimento.
Nascido na Jamaica, ele imigrou em 1967 (aos 12 anos de idade) de Kingston para Nova Iorque, trazendo seu conhecimento sobre a cena de Sound system (sistema de som, muito tradicional na Jamaica, seria um equipamento de som muito potente ligado na rua para atrair as pessoas).
Consigo também trouxe o "Toast" ao bairro do Bronx (NY), Clive Campbell seu nome de batismo, apelidado "Hercules" pelos alunos de sua sala de aula da escola secundária por causa da aparência física. Mas ele não gostou deste apelido e usou um atalho, criando, "Herc". Então quando ele começou a escrever (tag; assinatura) ele usou seu Tagname de "Kool Herc".
Herc deve ter dito muitas dificuldades para dormir durante a infância devido ao glorioso e grandioso volume libertado pelos sound systems, que batalhavam nas ruas pela atenção do público, cada vez se aumentava mais e mais o volume, quase a ponto de explodir, foi neste ambiente que Herc nasceu e viveu até os 12 anos...
Em meados de 73 ele chamou a atenção como DJ no Bronx, no princípio ele usou o equipamento de som de seu pai, em seguida construiu seu equipamento (auto denominado de Herculords) com enormes caixas de som e muitos seguidores. Em inúmeras Block Parties (festas feitas em blocos de apartamentos abandonados no Bronx e região – veja o filme Beat Street), festas em parques e escolas, logo depois ele fez suas próprias festas em clubes famosos como "Twilight Zone" e "T-connection". A razão do sucesso foi dada pelo fato de fazer as pessoas dançarem sem parar, ele seguiu a filosofia de Soundsystem de seu país, no principio não dando muito certo, tocando Reggae e outros ritmos jamaicanos, até que descobriu o Soul e Funk.
Passado algum tempo, teve um sistema de som mais pesado e mais alto que todos os outros, por outro lado (e provavelmente a razão mais importante) ele criou e desenvolveu uma técnica revolucionária para girar os pratos dos tocas discos.
Ele nunca tocou uma música inteira, mas só a parte que as pessoas mais gostavam: O Break - A parte onde a batida foi tocada da mais pura forma. Os "Breaks" das canções eram só alguns segundos, ele os ampliou usando dois toca-discos com dois discos iguais, dando o nome de Break-Beat, o fundamento musical para B.Boys e B.Girls (Breaker-boys, Breaker-girls: dançarinos que se apavoravam dançando durante estes Breaks) e os MC's (Os Mestres de Cerimônias, artistas no microfone que divertem as pessoas fazendo-as dançar com suas rimas), às vezes comparável ao "Toast" jamaicano, Kool Herc usou algumas frases para fazer as pessoas dançarem e dar boas vindas aos amigos. Mas quando os misturava as batidas ficavam mais complicados, mais concentração, assim foi entretendo a multidão, ficando complicado fazer várias coisas ao mesmo tempo, com o microfone não era mais possível, ele passou o microfone para 2 amigos que representaram o primeiro time de MC: Coke La Rock e Clark Kent. Kool Herc e o soundsystem incluíam os 2 amigos no microfone, ficando em seguida conhecidos por toda parte como "Kool Herc and the Herculords".
Alguns dos breaks mais famosos, foram: Incredible Bongo Band com Apache, James Brown com Funky Drummer e Give it up or turn loose, Herman Kelly dance to the drummers beat, Jimmy Castor Bunch com It´s just begun entre tantos outros...
Afrika Bambaataa (ou Kahyan Aasim - nascido 1957) também tem seu papel de importância no surgimento da cultura Hip-Hop, é por toda parte conhecido e respeitado como o "padrinho" ou o "avô" da cultura Hip-Hop, reunindo tudo e propondo a base para a cultura. Era membro e líder de uma das maiores gangues, "Black Spades" também era um colecionador de discos fanático. Embora já estivesse trabalhando como DJ em festas desde 70, ele adquiriu mais interessado pela cultura Hip-Hop depois de ter visto Kool Herc nos toca-discos em 1973 e assim foi DJ no "Bronx River Commity Center" onde teve seu próprio soundsystem. Ao mesmo tempo a gangue dele começou a desaparecer, logo depois formou uma pequena ONG chamada de "Bronx River Organization" que logo após passou a se chamar "The Organization", por ter feito parte uma gangue anteriormente ele teve um publico fiel que consistiu em membros de gangues anteriores.
Por volta de 74 ele reorganizou "The Organization" e renomeou de "Zulu Nation", inspirado pelos estudos feitos sobre a história africana (ele ficou impressionado pelos "Zulus" pois lutavam com honra e armas simples contra o colonialismo e o poder, apesar de aparentemente inferiores). 5 dançarinos uniram-se a organização usando o nome de "Shaka Zulu King" ou simplesmente "Zulu Kings" com os gêmeos "Nigger Twins" eram eles os primeiros B.Boys sempre gritando de alegria. A "Zulu Nation" organizou festas e reuniões a qual os membros, principalmente Afrika Bambaataa passou o conhecimento sobre a cultura Hip-Hop para as pessoas, como era possível dar as pessoas uma alternativa para a saída das gangues e drogas.
Love Bug Starski foi quem propôs a junção dos elementos da cultura Hip-Hop, foram Afrika Bambaataa e a Zulu Nation que uniram os elementos diferentes e os formaram para uma única cultura.
A idéia de Afrika Bambaataa era transformar o negativismo das gangues em energia positiva, pois perdera o melhor amigo em uma guerra das gangues, no tempo que fizera parte de uma gangue. Cansado disso, pensou em fazer algo para mudar esta situação, as pessoas estavam cada vez mais ocupados com o Hip-Hop, em mostrar suas habilidades da melhor forma possível nas festas.
GrandMaster Flash completa a trilogia dos DJ´s pioneiros, o terceiro DJ mais importante do inicio da cultura Hip-Hop, teve a brilhante idéia de incluir artesanalmente a sua mesa de mixagem um botão (cross-fader) que lhe permitia passar de um disco para outro sem haver quebra de som. Aprendendo com Herc que os breaks de Funk eram o combustível preferido dos B-Boys e com Bambaataa onde os ir buscar, Flash incendiou tudo ao trazer para o palco os “skills” (capacidade tecnica de misturar os discos e faze-los fluir de forma irrepreensivel.
O MC começou por ser uma mera sombra do DJ, limitado a empolgar ao microfone as pessoas, que lhe pagava o ordenado e funcionando quase como “locutor de festas” ou mestre de cerimónias que não só usava o microfone para comunicar à multidão qual a última celebridade do gueto (ghetto celebrity) a entrar no clube (“hey ya’ll, my man Timmy T is in the house!”) como também tinha um papel importante, deixava todos saberem que havia uma mãe à espera do seu filho à porta (“yo, Little Jimmy, stop spinnin’ and head to the door!”). Com o tempo, as rimas foram ficando mais elaboradas, mais complexas e, tal como os “skills” do DJ lhe davam popularidade, as habilidades do MC ao microfone começaram a ser decisivas para arrancar aplausos da multidão.
Bem, assim seria o Hip-Hop para muitos, DJs descobrindo e criando os break-beats, MC's rimando, B.Boys dançando e a maioria dos membros da cultura Hip-Hop também eram escritores. Bambaataa os usou para espalhar sua mensagem, "lutar com criatividade, não com violência!" Com a integração dos 4 elementos da cultura Hip-Hop, a vontade de competir era geral, empurrando todos permanentemente a melhorar e ser o mais criativo possível.
Assim, era como uma lei não escrita, que, todo mundo criava seu próprio estilo, sem copiar o próximo, sem roubar as idéias do outro. Outra lei respeitada era: Paz, unidade, amor e divertimento. A base para os diferentes elementos já estava pronta, mas com a integração da cultura Hip-Hop foi acelerado o desenvolvimento rapidamente dos elementos.
Dra° Shelsia Islany
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