Faz alguns dias que estou querendo escrever sobre drogas e descriminalização. Mas aí veio a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos e cortou meu barato (hahahahaha… Piada infame). Mas o fato é que o assunto voltou à tona a partir de uma reunião Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia. A organização não-governamental tem à frente os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (Brasil), César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México), além de reunir especialistas no assunto e intelectuais.
A proposta da ONG “presença” (outra piada infame), a ser apresentada na reunião da ONU, março, em Viena, será a de descriminalizar o uso da maconha. Por que a maconha? Diz a comissão que a maconha é droga considerada ilícita mais consumida no mundo, correspondendo a 90% do mercado mundial. Diz também que estudos comprovariam que os efeitos da maconha no organismo se equivalem aos do álcool, aceito por praticamente todo o mundo. E se o álcool está liberado (menos para quem dirige), porque a maconha não estaria?
Andei pesquisando o assunto e vi que existe certa tendência no mundo de aliviar para os usuários e endurecer com os traficantes. O Brasil fez isso em 2006 e muitos outros países estão fazendo. A lógica é que combater o consumo é enxugar gelo.
Só que existe uma contradição aí. O consumo pessoal não é mais crime, tudo bem. Mas onde o cara vai comprar para consumir? Na “boca de fumo”, a traficantes.
A classe média bolou uma operação mais higiênica e sempre tem uns boyzinhos dispostos a comprar na boca, repassando para a galera mediante pequena comissão. De toda forma, trata-se de operação perigosa, fazendo que mesmo o pequeno consumidor habitue-se a comprar grandes quantidades para estocar e não ter que ficar correndo riscos todos os dias. Mas se for pego com a cota mensal, pode muito bem ser enquadrado em tráfico.
A Espanha tentou resolver o problema autorizando cada pessoa a ter até dois pés de maconha em casa para consumo próprio. Na Califórnia, liberou-se o a venda para uso medicinal em farmácias autorizadas, com a hipocrisia de ter que apresentar receita médica, comprada facilmente por alguns dólares em qualquer esquina.
A experiência mundial tem mostrado que a liberação do uso não aumenta nem reduz o consumo. A faixa de usuários é semelhante (sempre perto dos 10% da população) em países que reprimem fortemente (no Vietnam o cara pode ser condenado à morte se pego com heroína) ou que são mais complacentes (como a Holanda e sua experiência dos cafés e parques de Amsterdã).
A grande vantagem da descriminalização é justamente esvaziar o negócio do tráfico internacional, responsável também pelas armas e outros crimes. Estima-se que o tráfico movimente quase R$ 30 milhões por mês só na favela da Rocinha, a maior da América Latina. Um levantamento da ONU constatou que no mundo o tráfico movimenta aproximadamente US$ 400 bilhões por ano e tem cerca de 200 milhões de consumidores.
É um grande negócio.
Regulado pelo Estado e comercializado por empresas sujeitas à fiscalização oficial, evita-se danos secundários das drogas: Aids e DSTs (no casos dos injetáveis) e doenças variadas devido a misturas que os traficantes fazem para tornar o produto mais rentável (como no caso da cocaína, misturado até com cal) ou ficar mais potente ( como a maconha “prensada” produzida no Paraguai, que aprendeu o truque da indústria do tabaco e adicionou amônia para aumentar a absorção neuroquímica).
A venda legal também arrecada impostos, que podem ser revertidos para o tratamento daqueles que deixam a condição de usuários e se transformam em viciados.
Acho que o texto deixou bem claro qual é minha opinião sobre o assunto. E qual é a sua? Vote na enquete abaixo e deixe seu comentário.
DR° Sérgio Eduardo
1 comentários
É necessário investir em educação de qualidade e qualificação profissional de qualidade, para que os jovens tenham oportunidades de entrar no mercado de trabalho e melhorar sua qualidade de vida. Temos muita coisa passando da hora nesse país. Esse assunto das drogas devem ser discutidos sim, mas antes temos muitos problemas para resolver.
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