31 de out. de 2011

Tabagismo Diga Não

O que é tabagismo? O termo tabagismo significa abuso do tabaco, como nos ensina Aurélio Buarque de Holanda. O tabaco é uma erva da família das solanáceas (Nicotiana tabacum), que possui nicotina e cujas folhas, quando dessecadas, constituem o fumo ou tabaco. Dele, as pessoas fazem uso de diversas maneiras: inalado (cigarro, cachimbo, charuto, cigarro de palha), aspirado (rapé) ou mascado (fumo-de-rolo).
Embora os produtos derivados do tabaco sejam consumidos há muitos séculos, somente no século XX observou-se acentuado aumento de seu consumo. Por volta de 1918, por exemplo, o consumo de cigarros já havia suplantado qualquer outra forma de utilização do tabaco, provavelmente por influência da Primeira Grande Guerra. Nos EUA, em 1990, foi estimado o consumo de 2.800 cigarros/ano por adulto.
Hoje, o cigarro é a forma mais importante de utilização do tabaco, tornado-se um sério problema de saúde pública tanto no Brasil como no mundo.


O que se esconde na fumaça do cigarro? 

O cigarro contém uma mistura de cerca de 4.700 substâncias tóxicas. Parte delas é gasosa – incluindo o monóxido de carbono, e algumas são partículas, como o alcatrão, a nicotina e a água.
O alcatrão, além dos radioativos urânio, polônio 210 e carbono 14, concentra 43 substâncias comprovadamente carcinogênicas, ou seja, que provocam o câncer, já que alteram o núcleo das células. A fumaça do cigarro contém toxinas que produzem irritação nos olhos, nariz e garganta, bem como diminuem a mobilidade dos cílios pulmonares, ocasionando alergia respiratória em fumantes e não-fumantes. Estes cílios, semelhantes a cabelos muito finos, são projeções da mucosa que ajudam a remover sujeiras e outros detritos do pulmão. Quando têm seus movimentos paralisados pela exposição à fumaça do cigarro, as secreções acumulam-se, contribuindo para a tosse ou pigarro típico do fumante e para o surgimento de infecções respiratórias, freqüentes em quem tem contato com a fumaça.
A fumaça do cigarro é também constituída por monóxido de carbono (CO), cuja concentração no sangue circulante de quem fuma aumenta rapidamente pela manhã, continua a subir durante o dia e decresce à noite.
Aproximadamente, 3 a 6% da fumaça do cigarro são compostos por monóxido de carbono. Quando inalado, o monóxido de carbono atinge os pulmões e dali segue para o sangue, reduzindo sua capacidade de carregar oxigênio. Em conseqüência, as células deixam de respirar e produzir energia, o que faz com que o fumante tenha o fôlego prejudicado e fique exposto ao risco de doenças cardiovasculares e respiratórias. Além de venenoso em altas concentrações, o CO está implicado em muitas doenças associadas ao fumo, inclusive nos efeitos danosos sobre o desenvolvimento do feto das grávidas tabagistas.
A nicotina, outra das substâncias encontradas no cigarro, diminui a capacidade de circulação sangüínea, aumenta a deposição de gordura nas paredes dos vasos e sobrecarrega o coração, podendo levar ao infarto do miocárdio e ao câncer, mas seu papel mais importante é reforçar e potencializar a vontade de fumar. Ela atua da mesma forma que a cocaína, o álcool e a morfina, causando dependência e obrigando o fumante a usar continuamente o cigarro. Em altas concentrações, é também venenosa.

Por que as pessoas fumam?
As pessoas começam a fumar principalmente por hábito cultural e influência da publicidade do cigarro nos meios de comunicação de massa. Pais, professores, ídolos e amigos também exercem grande influência. A publicidade alia as demandas sociais e as fantasias dos diferentes grupos – adolescentes, mulheres, faixas economicamente mais pobres – ao uso do cigarro, fazendo-os crer que, ao fumar, seus desejos e expectativas sociais serão realizados, aumentando, assim, o consumo do tabaco entre as pessoas mais facilmente influenciáveis. A publicidade direta é feita por anúncios atraentes e extremamente bem produzidos; já a indireta apela aos ídolos e pessoas famosas, tomadas com modelos de comportamento em geral.
Entretanto, faz-se necessário considerar os efeitos excitantes e antidepressivos do cigarro. Certamente, este não seria um hábito tão arraigado se também não tivesse um aspecto "positivo" para o fumante, ao menos aparentemente. Porém, deve-se ponderar que há muitos outros modos de obtenção dos mesmo efeitos sem as seqüelas indesejáveis que o tabagismo necessariamente acarreta.

A quem interessa o tabagismo?
Noventa por cento dos fumantes iniciaram o consumo de tabaco antes dos 21 anos de idade, fase em que o indivíduo ainda está construindo sua personalidade. O número constante ou mesmo crescente de adesões ao tabagismo contribui para que a indústria do cigarro seja altamente lucrativa, investindo constantemente em publicidade, a fim de atrair mais e mais pessoas. Fumantes morrem em decorrência das doenças relacionadas ao tabaco; outros, alertados sobre os malefícios do fumo, conseguem abandonar o vício. No entanto, do ponto de vista da indústria, esses consumidores têm que ser constantemente substituídos por novos, o que estimula o constante investimento publicitário. Desta forma, configura-se um ciclo onde o aumento do consumo traz lucros tanto à indústria como às empresas de publicidade.
Pesquisas evidenciam as perdas econômicas causadas pelo cigarro em fumantes e não-fumantes, tais como:


· faltas ao trabalho;
· queda de produtividade;
· aposentadorias precoces;
· mortes prematuras;
· custos com a manutenção de imóveis, aparelhagens, móveis, tapetes, cortinas, etc. danificados;
· incêndios rurais e urbanos;
· acidentes de trabalho;
· acidentes de trânsito.


Ressalte-se que a totalidade dos gastos sociais decorrentes do tabagismo supera em muito a arrecadação de impostos que ele proporciona: o câncer, segunda causa de morte por doença no país, é responsável por grandes gastos com tratamentos e internações hospitalares, uma vez que 90% dos cânceres de pulmão e 30% de todos os outros tipos de câncer são devidos ao tabagismo. As doenças cardiovasculares, primeira causa de morte no país, bem como a bronquite crônica e o enfisema, estão diretamente relacionadas ao uso de tabaco e geram importantes gastos na área da saúde. Apenas estes dois exemplos nos dão a dimensão das perdas econômicas geradas pelo tabagismo, aliados à queda na qualidade de vida do trabalhador. Paralelamente, ainda existem os gastos economicamente não mensuráveis, como a dor, o sofrimento pessoal e familiar dos vitimados - nem sempre considerados.


Os não-fumantes acabam fumando Os fumantes não são os únicos expostos aos males do cigarro. Também os não-fumantes são atingidos, já que passam a ser fumantes passivos. Onde quer que alguém esteja fumando, são encontradas partículas da fumaça do cigarro, principalmente em locais fechados, residenciais ou públicos. Rapidamente, as concentrações das substâncias tóxicas da fumaça excedem os níveis considerados padrões para a qualidade do ar ambiente.
O cigarro é considerado pela Organização Mundial da Saúde – OMS – como o maior agente de poluição doméstica e ambiental, tendo em vista que as pessoas passam 80% de seu tempo diário em locais fechados, tais como os de trabalho, residência e lazer.
Atualmente, por todo o mundo, cada vez mais as autoridades governamentais têm estabelecido regulamentos e leis de proteção aos não-fumantes; além disso, há crescente aumento da conscientização dos indivíduos sobre a qualidade do ar que respiram, não só em casa, como nos ambientes de trabalho e locais públicos. Também no Brasil, progressivamente, surgem leis em nível estadual e municipal preservando os direitos dos não-fumantes, o que mostra avanço na conscientização das autoridades no que tange à poluição tabágica ambiental.
A qualidade do ar que respiramos é fundamental para nossa saúde, bem como para o bom desempenho de nossas funções cotidianas. A permanência em um ambiente poluído com nicotina faz com que absorvamos substâncias em concentrações semelhantes às de quem fuma. Tal comprovação é realizada através da medição da cotitina, principal produto da decomposição da nicotina - substância que pode ser encontrada no sangue e na urina dos não-fumantes que moram, convivem ou trabalham com fumantes. 


Dra° Patricia Martins

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