16 de nov. de 2011

Tenha Uma Boa Eloqüência

Eloqüência é uma palavra que perdeu o seu sentido original. Muitos falam dela de modo pejorativo. Há, porém, boas razões para vê-la dentro de um contexto mais amplo, em que se privilegiam o convencimento e a persuasão daqueles que falam em público. Isto porque, todo o orador, quando fala, quer ser ouvido. Caso contrário, para que falar em público?
Na antiguidade clássica grega a palavra falada era muito exaltada. Os gestos, as posturas, a teatralização e as demais formas de se expressar nada mais eram do que modos diferentes de atrair o público. Naquela época havia um grande prazer em assistir a uma peça oratória, porque esta era a única forma de transmitir conhecimentos. Os livros e a gama enorme dos meios de comunicação de massa que temos nos dias que correm, principalmente os recursos da Internet, eram inexistentes.
Deleitar o espírito dos ouvintes era o principal fim de todas as orações. Nesse mister, há o exemplo de Demóstenes, o imortal ateniense, muito citado nos livros e cursos de oratória. Desde o seu nascimento, fora tolhido por graves deficiências, inclusive a gaguez. Como tinha a ambição de transmitir aos outros os seus pontos de vista, andava na praia com pedrinhas na boca, no sentido de melhorar a nitidez de sua voz. O seu esforço foi tanto que não demorou muito tempo para se tornar o maior orador de todos os tempos.
Observe o que alguns pensadores disseram sobre o tema: para Pascal, "A eloqüência é a pintura do pensamento"; para E. Ferri, "A eloqüência é o talento de transmitir com força ao espírito dos outros, o sentimento de que o orador está possuído"; para Dammien, "A eloqüência é a arte de dizer bem aquilo que é preciso, tudo quanto é preciso, e nada mais do que isso"; para Rui Barbosa, "A eloqüência é a sinceridade na ação".
Ilustremos o tema com uma comparação entre o orador e o pintor. O pintor, ao dar vazão ao seu sentimento artístico, fá-lo para si mesmo, para agradar ao seu ego, à sua concepção de arte; o orador, não. Ele tem que falar para atingir a quem ouve, isto é, à platéia. Pergunta-se: como será ouvido se não conseguir prender a atenção de quem o escuta? Este deve ser o grande exercício do orador: agradar aos olhos e aos ouvidos do público. Para tal finalidade, precisa de persuasão e de eloqüência.
A eloqüência não é falar fácil e corretamente, impressionar os sentidos alheios, mas expressar o pensamento próprio, com graça, equilíbrio, harmonia e muita perspicácia de tempo e lugar.

Sérgio Biagi Gregório

Dr° Rick Júnior 

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