Além de suas propriedades em ferro, potássio, vitamina C e fibras, o milho é utilizado em diversos ramos. Como integrante de antibióticos, plásticos, alimentos como pudins e farináceos, adesivos, tintas, inseticidas, óleos e xaropes. O cabelo de milho é utilizado na medicina popular como diurético. E os povos andinos fazem uma bebida à base de milho chamada chicha.
O milho já era de fundamental importância desde a antiguidade dos povos indígenas, originando, assim, várias lendas.
Os Maias possuíam um deus do milho. O único em seu panteão que possuía feições humanas, juvenis e amáveis. Ele se apresentava com os traços de um jovem. Sua cabeça servia também de símbolo do algarismo 8, de cabelos longos sugerindo os cabelos da espiga de milho. Seu nome era Yuin Kax, "o senhor dos bosques". Deus da prosperidade e da abundância, também era associado com símbolos da morte. Para eles não há como criar vida senão com a morte. Para que o grão germine, é necessário enterrá-lo e deixá-lo agir como um cadáver. Sendo assim, representam-no em sua forma decapitada ou trazendo a cabeça cortada com uma medalha no peito, para lembrar que o grão morre para que nasça a jovem planta. Os Maias acreditavam ser originados do milho.
Conta uma lenda guarani que num tempo muito longínquo, cada família procurava na agricultura e na caça, os meios para subsistir. Mas dois caçadores sempre andavam juntos e o que eles conseguiam, dividiam para eles e para as outras famílias. Mas houve um tempo que todos os alimentos ficaram escassos. Os dois amigos conversavam sobre isso quando aproximou-se deles um homem dizendo ser o enviado de Nhandeyara (o grande espírito), e que ele haveria de enviar a planta que acabaria com a fome. Mas para isso, cada um dos dois amigos teria que lutar com este homem para ver qual era o mais forte. E o mais fraco teria que sacrificar-se e ser enterrado junto à cabana. Quem perdeu foi um dos amigos chamado Avaty, que foi enterrado por seu amigo, apesar do grande desgosto, como o combinado. Em um dos primeiros dias de primavera a aldeia foi surpreendida com uma bonita planta de muitas folhas verdes e espigas douradas. Viu, então, o caçador, a promessa cumprida e compreendeu a sabedoria de Nhandeyara que foi necessário sacrificar um para a salvação de vários. Desde então os guaranis chamam esta planta de avaty, em homenagem ao índio enterrado.
Os índios do leste da América do Norte acreditavam que o espírito do milho tinha se originado do sangue da mulher dos grãos. Nas fórmulas sagradas dos cheroke, o cereal às vezes é invocado como “mulher velha” e um dos seus mitos conta como um caçador viu uma bela mulher sair de um pé de milho. Essa mulher dos grãos vinha da crença que o espírito do milho, o espírito das vagens e o espírito das abóboras eram três irmãs vestidas de folhas que se amavam muito e gostavam de viver juntas. Essa trindade divina era chamada de "De-o-há-ko" que quer dizer nossa vida. E dizem que o milho vem do sangue de uma dessas irmãs.
"... é a dádiva dos Deuses que trago, que vocês devem chamar de milho. Quem comer deste milho terá ouvidos para a voz do Espírito; aprenderá a voar nos sonhos para lugares distantes e a cuidar de toda vida na Terra. O milho amarelo contém a benção da luz."
Mito Hopi (tribo nativa norte-americana)
Como se pode ver, a origem do milho tem uma interligação cósmica, convertendo a agricultura em sinônimo de sociedade desenvolvida, além de significar fartura e prosperidade. Aliado a isso, os vegetais são os primeiros elos de todas as cadeias alimentares, pois são chamados “os produtores”. Isto porque para obterem a energia que necessitam, os vegetais não se alimentam de nenhum outro ser vivo, somente do solo, água e luz solar. Todos esses aspectos transformam o milho em alimento primordial na alimentação do homem. Seja ele presente do grande espírito ou presente da Mãe Terra que nos sustenta como mais um filho seu.
Dr° Rick Júnior
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